De Rocca a Morretes: somos mais de 500 membros

Obstinados e arrefecidos sobre pisadas firmes, pegadas calosas, arestas acepilhadas sob rios de sacrifícios recompunham o solo e aplainavam amanheceres. Margens transoceânicas editavam longínquos afazeres, fomes assombradas em sedes afluídas, saciavam, irrompiam primaveras. E enfim, o horizonte na linha da estrada. Era fato.

Revista O Itiberê, Paranaguá (PR), junho de 1930. Anno XI, n.134.

Em terrenos alagadiços e impraticáveis caminhadas surge a estrada. Obrigada Giovanni Battista Arboit por suas empreitadas!

Diario do Comercio, 28/12/1927, Anno 16, n.4447 EstradadoMar
Diário do Comércio, Paranaguá, 28/12/1927, Anno 16, n.4447

Durante um tempo de conhecimento das famílias que compõem a grande família Arboit me vi a refletir sobre a importância de compreender a genealogia, para além de eventos e suas datas importantes a todos, a nos perceber humanos e dispostos a amar. Sentimentos e emoções à flor da pele e a sabedoria a nos transformar em pessoas melhores.

A família é a oficina do amor, onde se aprende a amar. Sim, é um mundo de contrários que se aproximam e o elo familiar envolve a todos. Não nascemos prontos, mas sob o signo do amor. Esse é o nosso destino: amar. Somos um projeto de Deus, no exercício de misericórdia e na equação amar e perdoar encontramos a harmonia. A inspiração vem de Coríntios 13, 4-7: “O amor é paciente. O amor é bondoso. Não inveja. Não se vangloria. Não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se irrita facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.

Nossos antepassados nos representam em muitos sentimentos e em tempos rudes, insalubres até, mas que nos legaram suas coragens e projetos de um mundo maior, e melhor para todos.

A origem da Família Arboit, anterior a 1700, período dos heptavós Zuanne Arboit e Anna Maddalozzo, é incerta. O sobrenome indica ser origem toponímica referente a vila ou região de onde vem o progenitor, nosso amado desconhecido, que leva ao local denominado Arbouet, em terras francesas. O arquivista pesquisador da paróquia de Arsiè se refere aos Arboit como vindos da França pelo que dizem alguns moradores locais.

Arboti (fr Arbouet) vindo do Norte, Arboti-Zohota, Baixa Navarra, País Basco - @Adrar

Da grande família marcamos pela ascendência os Arboit Cornerot, em Rocca D’Arsiè-BL, que se dispersaram logo após o falecimento de seu patriarca Filippo Arboit, em 16 de março de 1877. Na linha dos avós é o meu pentavô, nascido em 30/05/1789, filho de Marco Arboit (1747-1806) e de Lucia Bassani.
Marco Arboit viveu o período napoleônico, tempos das guerras francesas, e Filippo viveu sob o controle do Império Austríaco de 1815 a 1866, e viu quando o Vêneto foi reintegrado à península itálica. Com a família neste vai e vem dos poderes e suas experiências de sobrevivência, o projeto da América sonhada era um alento. No período imperial, foram instaladas as necessidades de mão de obra especializada pois a propaganda brasileira era sedutora e valia a pena arriscar. O então patriarca Filippo Arboit faleceu em 16/03/1877. E filho, netos e bisnetos de Filippo partiram de Rocca. O primeiro a se arrumar com esposa e filha do primeiro casamento foi o neto mais velho que levava seu nome, Filippo, com destino a Blumenau (SC) e depois para Caxias do Sul (RS). Cinco meses seguintes, em 02/10/1877, partem do porto Le Havre, na França, o filho Marco (1811-1890) e sua nora Dominica Teresa Bassani (1815-1903), o neto Giacomo (1836-1922) com a esposa Paola Nardino (1837-1915) e seus bisnetos Giovanni Battista, Benjamin e Maria Maddalena. Marco e família destinados à Colônia Nova Itália de Morretes (PR), faziam parte do grupo vêneto do Padre Angelo Cavalli.
Chegada no Porto do Rio de Janeiro de Filippo Arboit, Maria Strapazzon e Angela Arboit

Em 143 anos da família Arboit no Brasil contamos com mais de 534 membros da linha direta e vínculo por afinidade até a nona geração, da qual faço parte, sem contar com as gerações de filhos e netos do probandus, a sempre me exigir rigor e atenção.

A italianidade pouco a pouco toma corpo na Família Arboit, entremeio ao amor que aprendemos nas terras e águas do litoral paranaense donde nascemos. Somos híbridos e essa boa mistura nos ensina a amar e a nos reinventar sempre diante dos desafios de aprender a viver.

    O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso me alegra, montão. Guimarães Rosa, em Grande Sertão Veredas, 1956.

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