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A fé católica dos imigrantes italianos: sentimento de identidade e pertencimento

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A prática da fé católica sempre teve muito destaque na vida dos imigrantes italianos que trouxeram ao Brasil, entre suas bagagens, um fervor religioso que ainda atravessa as gerações de boa parte de seus descendentes. A religião católica transportada e revivida em terras brasileiras, foi um dos elementos importantes no processo de enraizamento dos italianos na então terra desconhecida, fator que lhes permitiu a reconstrução de seu mundo cultural e serviu para amenizar o distanciamento em meio à floresta ou locais mais ermos da cidade sede, a superar dificuldades, a promover encontros e assim fugir da desintegração social. Nos primeiros tempos de imigrados, os colonos tinham uma vida social bastante restrita ao círculo familiar e ao seu trabalho, por isso cada grupo de um núcleo colonial lutava para a construção de uma igreja. A capela cheia de força expressiva adquire um significado mais íntimo, mais próximo da comunidade italiana, pois sua vida social girava ao redor desse lugar de fé

Família Arboit x Família Cornaro: qual a relação?

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Sobre a origem do nome Arboit levo em conta duas hipóteses, e que podem agregar origem do sobrenome e origem da família, sem que necessariamente sejam excludentes. 1) Segundo Ettori Rossoni (2000), Arboit deriva de uma forma dialetal contraída do nome medieval germânico Arbogast , por sua vez formada por arb (herança) e gast (que hospeda, que contém) e que também pode derivar de um apelido de dialeto baseado no termo cimbro arbatan (trabalho) com o significado de trabalhador. Traduz bem a linha direta dos Arboit Cornerot. 2) Através do arquivista Francesco Pellin da paroquia de Arsiè, é possível que a família seja originária da França pelo que se comenta em Rocca. Fiz postagem anterior em: "De Rocca a Morretes: somos mais de 500 membros": https://familiaarboit.blogspot.com/2020/08/de-rocca-morretes-somos-mais-de-500.html A família italiana é patriarcal ainda no século XIX que, pelos costumes, a mulher quando casa perde seu sobrenome de família para assumir o sobrenome do

Os Arboit no Brasil: caminhos e retratos do coração

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Os italianos correspondem a 42% do total de imigrantes que entraram no Brasil entre 1870 e 1920. A maioria proveniente do norte da Itália, da região do Vêneto (Belluno, Padova, Rovigo, Veneza, Verona e Treviso).  Segundo Franzina (2006, p.84-66), de 1876 a 1901 emigraram da Itália quase 6 milhões de cidadãos. Nesse período o Vêneto apresentava grandes problemas nas zonas rurais. A emigração veneta constitui, nesses 26 anos, a exata terça parte da emigração italiana. As províncias de Belluno e Udine, menos densamente povoadas, foram as mais atingidas pelo fenômeno migratório, as mais atormentadas pela malária e por maus contratos de trabalho agrícola. Os italianos se tornaram emigrantes transatlânticos, bem acostumados ao trabalho temporário na França, na Suíça, Áustria etc. Com eles, já na tão sonhada América, traziam a dor da partida e a angústia do desconhecido, por quantas guerras, lutas, fomes... e o amor, essa força, as alegrias e estímulos nos legaram. É certo que sem cada um d

De Rocca a Morretes: somos mais de 500 membros

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Obstinados e arrefecidos sobre pisadas firmes, pegadas calosas, arestas acepilhadas sob rios de sacrifícios recompunham o solo e aplainavam amanheceres. Margens transoceânicas editavam longínquos afazeres, fomes assombradas em sedes afluídas, saciavam, irrompiam primaveras. E enfim, o horizonte na linha da estrada. Era fato. Revista O Itiberê, Paranaguá (PR), junho de 1930. Anno XI, n.134. Em terrenos alagadiços e impraticáveis caminhadas surge a estrada. Obrigada Giovanni Battista Arboit por suas empreitadas! Diário do Comércio, Paranaguá, 28/12/1927, Anno 16, n.4447 Durante um tempo de conhecimento das famílias que compõem a grande família Arboit me vi a refletir sobre a importância de compreender a genealogia, para além de eventos e suas datas importantes a todos, a nos perceber humanos e dispostos a amar. Sentimentos e emoções à flor da pele e a sabedoria a nos transformar em pessoas melhores. A família é a oficina do amor, onde se aprende a amar. Sim, é um mundo de contrários qu

Origem da Família Arboit: o ramo Cornarot

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Rocca é o berço da Família Arboit na Itália, localizada no município de Arsiè e pertencente à província de Belluno, ao norte da península itálica. Um pequeno detalhe identificava a numerosa família Arboit, remanescente dum contexto massivo, opressivo, sacrificado e de graves desordens históricas continuadas após a primeira metade do século XIX, cenário que antecedia a unificação dos reinos italianos e libertação de mãos estrangeiras dominantes. Assim entremeio à condição histórica e contradições culturais e existenciais, as famílias crescem, evoluem e se dispersam diante da miséria e fome e mediante movimentos migratórios por tais estímulos expulsores ou atrativos.  Para reencontrar os Arboit espalhados pela tão sonhada América exige conhecimento das origens de Rocca de Arsiè. A arte do reencontro. A dispersão, de certo modo natural, do núcleo familiar se deve também aos componentes migratórios da província de Belluno, "cujos trabalhadores voltavam à pátria dois meses ao ano e t

Lei de Incentivo à Imigração no Paraná - 21 de março de 1855

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Cabia às províncias "promover e estimular em colaboração com o governo central o estabelecimento de colônias", de acordo com o Ato Adicional de 1834. Nessa perspectiva de política imigratória que o Paraná sancionou a Lei n.29, de 21/03/1855, incentivando a entrada de estrangeiros de diferentes nacionalidades que junto trouxeram suas culturas e o domínio de técnicas vantajosas no cultivo de terras, assim como em trabalhos de obras públicas ou construção de estradas. Pouco a pouco essa gente se integrou ao contexto social da recém-criada Província do Paraná, que havia sido desmembrada de São Paulo no ano de 1853. Lei de Incentivo à Imigração no Paraná. Referência: BALHANA, Altiva Pilatti. Imigração e colonização. In: EL-KATIB, Faissal.  org. História do Paraná.  2ed. Curitiba, Grafipar, 1969. p. I, p. 158, p. 52. DEZENOVE DE DEZEMBRO, Curityba, Quarta-feira, 9 de Maio de 1855. Anno II, n.6.

O Contrato "Caetano Pinto" - Decreto n. 5663, de 17 de junho de 1874

No decreto n. 5663, de 17 de junho de 1874, o Governo Imperial Brasileiro autoriza a celebração de um contrato entre José Fernandes da Costa Pereira Junior, na ocasião Ministro e Secretário de Estado dos negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e Joaquim Caetano Pinto Junior para introdução, no Brasil de 100.000 imigrantes nas seguintes condições: I Joaquim Caetano Pinto Junior se obriga, por si ou por meio de uma companhia ou sociedade que poderá organizar, a introduzir no Brasil (exceto na Província do Rio Grande do Sul), dentro do prazo de 10 anos, 100.000 imigrantes alemães, austríacos, suíços, italianos do norte, bascos, belgas, suecos, dinamarqueses e franceses, agricultores sadios, laboriosos e moralizados, nunca menores de 2 anos, nem maiores de 45, salvo se forem chefes de família. Desses imigrantes, 20% podem exercer outras profissões. II O prazo de 10 anos começará a correr depois de 12 meses, contados da data de elaboração do contrato; o empresári